"Babá é coisa de rico, coisa de gente que não tem o que fazer com o dinheiro, coisa de gente que não tem competência pra criar filho (oi?), coisa de gente mal acostumada, mal amada, que não tem capacidade, paciência, amor... ETC".
Tenho lido de tudo nessa internet.
Uma
chuva de críticas, e as pobres mães que tem babá tentam justificar com poucas palavras, meio envergonhadas, porque fizeram essa opção. Quase que pedindo perdão às outras super-mães competentes (ahn?).
Imagine que...
...você está numa festa e nenhum dos seus amigos tem filhos e ficam horas na mesa contando histórias, se mijando de rir enquanto você está correndo atrás do seu filho e não tem tempo nem de comer.
... você está no restaurante, morta de fome e o seu filho começa a ficar descontrolado e você tem que pedir a contra no meio da entrada, ou mandar embalar a comida para viagem, sem sequer ter comido uma garfada.
... você está numa viagem de negócios com o seu marido, num resort com um monte de gente interessante, palestras interessantes e a única coisa que você consegue fazer é correr atrás do seu filho e ir dormir 4 horas antes de todo mundo porque seu lindo bebê apagou.
... você precisa de um tempo a sós com seu marido, seja para conversar, ver TV, qualquer coisa, e seu filho não dá tregua e só vai dormir lá para as 23:30 (com muitos berros) quando vocês dois já estão pedindo arrego.
... você está em casa doente, cor febre, dor no corpo, vomitando e tem que cuidar do seu filho sem ninguém para te ajudar, porque o pai está trabalhando, e você não tem mãe, e a sogra, quando vem, mais atrapalha que ajuda.
... você está querendo dar uma volta no shopping com seu marido e seu filho em paz, ver algumas vitrines, quando o descontrolado começa a correr de um lado para o outro, a gritar, a se jogar no chão, a atirar as coisas longe (não, eu não tenho um monstrinho em casa, tenho um bebê super ativo que não consegue ficar quieto por mais de 2 minutos fazendo alguma coisa - e digo "super ativo" no sentido da palavra e não da patologia, ok).
... você vai viajar de lua de mel (sem seu filho, óbvio) e precisa deixá-lo com a sogra e ela faz questão de virar a rotina dele de cabeça pra baixo, porque ela pensa que sabe tudo. Deixo aqui meu desabafo:
QUEM SABE TUDO DO MEU FILHO SOU EU (e o pai dele, talvez)!
No final do dia a única coisa em que consigo pensar é: QUERO UMA BABÁ PELOAMORDEDEUS!!!
Além disso, é
fácil criticar quando:
- Você chega em casa e tem um bebê que dorme as 19:30, como um anjo e só vai acordar de manhã.
- Você ou seu marido chegam do trabalho as 17h em casa, enquanto muitos outros pais chegam as 21h exaustos (oi, do centro da cidade até a minha casa são 1:30 de viagem).
- Você tem mãe pra te acudir quando você pira, para olhar seu pimpolho enquanto você lê uma revista ou só para ligar e desabafar.
- Seu bebê é mais paradão, dorme duas sonecas gostosinhas a tarde e fica que nem um pé de alface plantado no carrinho enquanto você vê as vitrines ou toma um café no shopping.
- Seu marido leva o bebê na escola, busca o bebê na escola.
- Você tem marido.
- Você não estuda e trabalha ao mesmo tempo.
- Você dá um monte de bloquinhos de empilhar ou coloca um DVD para o seu bebê e ele fica horas brincando, dançando sem precisar da sua ajuda.
Meninas da blogosfera materna:
Cada pessoa tem suas dificuldades, suas limitações, sua história de vida.
Cada pessoa leva ou quer levar um tipo de vida.
Cada um sabe do que precisa e a hora que precisa.
E, principalmente, CADA MÃE TEM UM FILHO.
O meu filho, desde que nasceu, me deu muito trabalho, chorava descontroladamente o dia inteiro, não pegava no peito porque era nervoso, não ficava dentro do carrinho, não chupava chupeta. Eu fiquei ANO, com medo de ir à algum lugar com ele sozinha, fosse shopping, supermercado ou até mesmo (pasmem) um parquinho. Fiquei ANO sem sair pra jantar com meu marido, sem ir ao cinema, sem namorar.
E só DEUS sabe quantas vezes eu chorei vendo a minha cunhada com duas babás, com folguistas no final de semana indo ao cinema, jantarzinho, e eu quase sem poder colocar os pés para fora de casa.
Portanto, eu admiro muito as mães que precisam e tem babá, que deram a cara a tapa tanto para a família (que já é difícil) quanto para as pessoas de fora (que é mais difícil ainda).
(1)* Não entro aqui em pormenores sobre educação nem a babá como substituição da escolinha. Defendo apenas
meu ponto de vista sobre aquelas mães que tiveram filho sim, mas ainda defendem seus direitos de individualidade, vaidade (não no sentido pejorativo), vida social e vida amorosa, porque afinal, além de mães, nós somos
mulheres. E amamos muito nossos filhos.
(2)* Não tenho babá, ainda...
Dani Dani